domingo, 30 de janeiro de 2011

- solidão

Eu te amo e você me ama: eis a solidão desafinada e desajeitada de nós. Você em Lá e eu, cá. Haja sintonia! Enquanto você dorme, eu lhe rabisco alguns versos à surdina, esperando receber em troca nada mais do que um sorriso sincero.
Como num conto de fadas, queria lhe despertar com um beijo, mas não sou nenhum príncipe. Sou mulher, sou plebéia e canto pra você. Canto para nós, deliberadamente. Dança comigo? Mesmo assim, de longe. Olharemos a mesma lua e bailaremos ao som perfeitamente ritmado do silêncio. Doze horas depois, acordaremos com a sensação de não saber distinguir sonho e realidade, e por fim eu direi baixinho no pé do ouvido do vento que eu gosto muito de estar com você, mesmo não estando.
Nosso amor quase se afogou no mar da solidão. É muita sorte saber respirar embaixo d'água, não é? Somos sós, mas somos nós. Juntos. Solidão que se vive só é dispensável, solidão que se vive junto é imortal. Que bom que eu encontrei você.












- Is this in my head? I don't know what to think...

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

- do lado de cá

Do lado de cá, tudo é música. E poesia.



Queria que o tempo voltasse. Assim, eu não precisaria voltar.



Não consigo escrever agora, mas o farei quando retornar.




Feel the rush of the ocean...

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

- Fearless

De repente, lá estava eu, lendo tudo de novo. E não havia dúvida: aquelas palavras eram pra mim.



(Eu não deveria me importar, não devo)




Sorri.



And I don't know why, but with you I'd dance in a storm in my best dress, fearless... -♫

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

- direção oposta

Naquele instante, eu não poderia amá-lo ainda mais. Não daquele jeito, envolvida em seus braços, mesmo que fosse pela provável última vez. Seu avião partiria em meia hora e eu voltaria para casa ao cair da tarde.
Eu queria ter ido embora antes, mas algo me prendia. Os olhos dele, de certa forma, me pediam pra ficar e quando percebi, já tinha ficado por muito tempo. Não saberia deixá-lo. Até hoje não sei.
Era uma noite quente de Janeiro quando ele me contou:
- Arrumei um emprego fora do país, minha vida vai melhorar. Agora, tudo vai ficar bem.
- E eu?
- Espera por mim.
- Espero pelo tempo que for, mesmo que você não volte nunca mais.
Nunca soube realmente como lidar com distâncias, mas não deveria ser tão difícil, afinal, eu gostava dele mais do que tudo.
Agora que estávamos ali, presos no tempo, eu começava a sentir saudade. Queria que ele ficasse, que me desse outro ‘primeiro beijo’, porque cada beijo era único. E eu gostava do jeito que ele movimentava as mãos, da camisa amassada que ele vestia e da forma que os seus cabelos lhe caiam nos olhos. O amor que eu sentia eclipsava a saudade que já estava chegando. De certa forma nós nos perdíamos. Pedi para que ele abrisse as mãos, onde coloquei um bilhete e fechei seus dedos sobre ele:
- Leia quando estiver voando.
Foi aí que ouvi o chamado. Ele estava indo embora.
- Se cuida.
- E quando foi que não me cuidei? A desastrada aqui é você, ande olhando pro chão toda vez que sair de casa, eu não estarei mais do seu lado pra te segurar.
- Se eu cair, certamente vou esperar que você me levante. Seja cavalheiro e volte pra cuidar de mim.
- Gostaria de poder...
Mais um chamado.
- Tenho que ir.
- Boa viagem.
- Obrigada
Ele me beijou, sem muito a dizer, e atravessou a porta. ‘Eu te amo’, pensei. Mas tínhamos combinado não dizer essa frase enquanto ele estivesse longe. Talvez assim fosse mais fácil. O avião decolou.
Em alguns minutos, enquanto estivesse cortando as nuvens, ele abriria o meu bilhete: ‘Enquanto estiver longe, eu estarei com você. Ainda que do lado de cá. ’
Quando o avião se tornou nada menos do que um pontinho preto no céu, eu enxuguei o rosto e saí pela porta de vidro, na direção oposta à dele.





'You love me, but you don't know who I am...'

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

- in summer air...

I close my eyes and the flashback starts...

Foi quase como um lapso, só que um pouco mais duradouro. De repente, lá estava eu, no meio da rua, em uma tarde de domingo, no verão. Um milhão de desejos me invadiam sem parar: cada segundo eu, inconstante, queria algo diferente. Um desejo, em especial, era o maior de todos. Avassalador. Ou algo mais intenso do que isso.
Peguei um giz de cera e escrevi - quase que automáticamente, como se precisasse daquilo - no asfalto o desejo que não se cabia em mim. Desenhei nas paredes também, em cada rua da cidade. Por último, rabisquei-o num papel, fechei em uma garrafa e joguei no mar. Se não vier até mim, que as ondas me levem. Ou vice-versa.

***
Quando acordei, tudo estava normal. As paredes, gastas pelo tempo e o chão cheios de copos plásticos e papéis de bala. Nada escrito. Mas meu desejo continuava gravado em mim, estampado em cada sorriso que eu dava, em cada acorde, em cada palavra...
Teu nome continuava escrito. Em toda parte, em mim.







- 'Romeo, save me, I've been feeling so alone. I love you and that's all I really know...'

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

- oh, I thought the world of you...

Quase três horas e meia ultrapassadas dos limites cinderélicos do horário e ainda me encontro no mesmo lugar, invisível, justamente quando deveria estar visível. Contradições disparam em mim como alarmes ensurdecedores em meio à selvageria que tem sido a vida humana.
E se eu gritar, será que as estrelas me ouvem? Aliás, estrelas podem ouvir? Eu consigo escutá-las. Hoje, elas me contaram que o mundo real precisa de mais fantasia. Não sei se concordo, eu vejo magia em todo lugar. Quer acreditar nas estrelas? A consciência é sua, eu acredito.

Eu quero a história perdida que ficou pra trás, quero o inacabado. Quero não terminar, inventar começos quando sentir o cheiro da sordidez do ponto final.

Tu inventas, ele inventa. Eu faço mais, eis a minha invisibilidade: eu (te) re-invento todos os dias, a cada instante. E sei que você não vê.


Inventar é ilusão? Que seja. Apenas sigo o conselho estelar.
Tudo é melhor quando acontece naturalmente. Pois que seja sórdido, possessivo ou ciumento. Mas seja real...



A única coisa que não sei fazer é inventar mentiras.







'It's just your attitude, it's tearing me apart, it's ruining everything.'
Such a fool...

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

- errante...

Às vezes sou tão errada que me torno insuportável. Que tudo seja do meu jeito ou não seja!




Solto as mãos do destino, carrego comigo alguns segredos que não revelarei. Ao menos, não o farei antes de ter qualquer certeza.



Não, não diga nada.
Se for pra ser dito, que seja assim, em poucas palavras...












Gimme something to believe in...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

- beijo sua boca e te falo bobagens...

Anjos e demônios me acompanham agora. Escrevo com garras, unhas e dentes. E com o elemento essencial, que mesmo ausente insiste em se fazer presente: meu coração.
Você provoca meus extremos. Eu te odeio quando não está aqui, e te quero quando te tenho. Quero que você seja redundante, para que se repita em mim todos os dias incansavelmente, sem parar.

Me diga o que é que tem nos seus olhos e porque eles me fascinam tanto. Você me ensinou a voar, sabia? Vem comigo, prometo não soltar suas mãos.

Nos dias em que o tédio reinar, quero o que há de melhor em você. Nos outros dias, quero o seu pior. Quero os personagens ciumentos, possessivos e sem medo de perigo que ao menos sei se existem. Será que você sabe que eu existo?


Saia da fotografia, de uma vez por todas. Me diz que você é real.
Por ora, do lado de cá, a única afirmação que tenho a fazer é que eu gosto muito de estar com você, apesar das distâncias físicas e emocionais.



Esteja comigo e eu estarei com você.






"A felicidade depende basicamente de duas coisas: sorte e escolhas bem feitas."
(Martha Medeiros)


E eu agradeço pelas escolhas bem feitas.
Sorte? O vento traz.