domingo, 19 de junho de 2011

- voltei

Há tempos que o verbo “voltar” se tornou um mero sinônimo de ilusão. Seguimos em frente, ainda que aos trancos e barrancos, mas não voltamos. E mesmo que eu tivesse escolha, não voltaria.
Esses dias em que fiquei ausente duraram séculos, incoerentemente falando. Mas foi bem assim. Muitas coisas aconteceram e muitas coisas deixaram de acontecer, desde uma internação no hospital à realização de um sonho. Os dias têm sido turbulentos.
Não me lembro onde foi que parei por aqui, mas não tenho intenções de reatar. Meu intuito é começar do zero. Por incrível que pareça, me sinto uma nova pessoa. Acredito ter uma nova visão, uma nova perspectiva, apesar de os sonhos continuarem intactos. De repente me pego sendo muito mais forte do que um dia acreditei ser: não há mais retalhos, embora haja uma imensidão de cicatrizes. Não me lembro quando foi a última vez que falei de amor sem doer e, neste exato instante em que você me sorri, não lembro mais da dor. E esse era meu medo. Algumas lembranças são responsáveis pelas minhas escolhas, e o que exatamente devo fazer agora que não há mais lembranças? Em uma visão proporcional, sentir medo pareceria até incoerente. Na minha visão errante, há beleza na covardia. Eis que me declaro covarde, observando paisagens na janela, fazendo de escudo as minhas inseguranças. Nesse mundo contraditório, a covardia se torna minha coragem.
Quem dera eu ser destemida na mesma proporção em que sei ousar. Queria que não me faltassem palavras nesses momentos em que sinto grande necessidade de falar. Ou melhor, dizer.
É bom voltar a escrever aqui. Sem ilusões desta vez. Sem grandes dores (físicas ou emocionais: já atingi minha cota). Mesmo que o sentido me abandone, sempre haverá algo a ser sentido, a ser escrito. Qualquer coisa é melhor do que o silêncio de uma folha em branco.







Would you say you need me? -♫

sábado, 21 de maio de 2011

- airplanes

Talvez essa seja uma boa forma de ter uma visão mais distante e mais ampla sobre tudo: voar. Eu sempre gostei muito de observar aviões, e de ouvi-los. Até mesmo aqueles de brinquedo, que não conseguem subir mais do que um metro. Gosto das luzinhas, do fato de cortar o vento, do ato de tentar imitar uma estrela cadente motorizada, que não apaga.
Quantos estão voando nesse momento? Quem está tomando uísque na primeira classe? Aeromoça, por favor, ajude aquela senhorinha que está com medo de voar. Tudo vai ficar bem. Diga para ela olhar pela janela, quem sabe ela não consegue captar esses pensamentos que ultimamente estão tão altos que até os pássaros têm escutado? Eu imagino que nessa viagem ela tenha deixado alguém pra trás, como eu mesma já fiz algumas vezes. E radical que sou, incapaz de uma viagem insegura, pulei de pára-quedas sem olhar pra trás. Aeromoça, diga que sei o que ela está sentindo. Ou simplesmente consigo imaginar. Diga que o chão me parece muito mais seguro agora...
Durante a caminhada pisei em um prego e furei o pé. Tudo bem, feridas externas cicatrizam num piscar de olhos. Aeromoça, caso o avião caia, há chances de sobrevivência? Se eu estiver no chão e ele cair na minha cabeça, vai fazer alguma diferença o lugar que estou? Foi observando aviões que percebi o perigo.
Foi observando aviões que descobri minha sede por perigo, que minha coragem ficou lá em cima durante a última viagem e eu caí de cara no chão. Foi observando aviões que a pergunta me atingiu em cheio enquanto segurávamos as mãos e sem pensar, respondi toda a verdade.
- Você gostaria de estar voando nesse momento?
- Já estou, meu amor. Eu já estou.




E foi aí que fiz a coisa mais clichê do mundo: voei sem tirar os pés do chão.






-Can we pretend that airplanes in the night sky are like shooting stars? I could really use a wish right now...

terça-feira, 10 de maio de 2011

- QUE DÓ!



O título fala pelo post todo.

Minha bebêzinha de quase 15 anos tomando vitamina :)

sexta-feira, 6 de maio de 2011

- Breakeven: sword and shield

Players only love you when they're playing...



Escrevo como quem responde a algo não dito e entendido. Escrevo com mãos frias e coração quente, ou será ao contrário? Como se me importasse saber... O fato é que escrevo.
A semana custou a passar, parece que levou um mês. Há quanto tempo estamos parados aqui, aliás? Tudo em câmera lenta, em preto e branco. Que filme é esse? Perguntas não me faltam.
Queria que você me dissesse tudo o que tem a dizer, sem medo. Já provei do seu veneno, nada mais pode me matar. Sou invencível, lembra? De ferro. E queria conseguir dizer o que sinto, queria saber o que sinto. Meu veneno é doce, disfarçado de sorriso: Eu firo nas entrelinhas. Você... ah, você me fere sem saber. Na falta de importância, quando diz que algo meu não lhe diz respeito. Achei que eu fosse sua, mas isso não me diz respeito.
Você tem uma espada em mãos e do lado de cá já não há escudo, estou nua e o frio me corta,justamente quando você deveria ser escudo e eu espada. Você me protege e eu corto quem tentar chegar perto de você.
Mas a espada é sua, me cortou o dedo. E é com sangue que eu escrevo. Sangue? Não, escrevo com mãos frias, mil palavras sem sentido. Mil palavras? Não, escrevo com um coração quente, mil pedaços.






'cause I'm falling to pieces...

sábado, 30 de abril de 2011

- estranho pra mim...


'Um quase nunca ainda é te encontrar...'


(Espelho, espelho meu...)
Há no mundo alguém mais estranho do que eu? Segredos não mais me cabem, eis a minha nudez. Cartas na mesa e dados rolando, de quem é a vez? E assim a noite correu cheia de jogos intermináveis e inomináveis. Jogávamos até com o que não se podia jogar, sem medo de errar. E encarávamos nossos inimigos com insolência, e estes retribuíam o olhar com uma pontada de cruel inconseqüência.

(Meu inimigo é apenas o teu nome. Continuarias sendo o que és, se acaso Montecchio tu não fosses. Que é Montecchio? Não será mão, nem pé, nem braço ou rosto, nem parte alguma que pertença ao corpo. Sê outro nome. Que há num simples nome? O que chamamos rosa, sob uma outra designação teria igual perfume. Assim Romeu, se não tivesse o nome de Romeu, conservara a tão preciosa perfeição que dele é sem esse título. Romeu, risca teu nome, e, em troca dele, que não é parte alguma de ti mesmo, fica comigo inteira).

Quero o que há de interminável em ti, mesmo que não seja teu amor nem tua sinceridade. Quero o que há, não o que inventas. Eu não me invento pra te agradar. Saiba retribuir.

(Mas que olhos grandes você tem...)
Vejo até o que não se pode ver. Eis a minha fraqueza disfarçada de sutileza. Quem foi que me trouxe neste lugar? Eu vejo flores, eu escuto um coração gritar. Quem é? Quem é você?

(Espelho, espelho meu...)
Há no mundo alguém mais belo do que eu?
Espelho nenhum no mundo reflete beleza. Ora, mas que mentira tamanha! Nesse mundo, devo ser mesmo uma estranha...





Quem foi que disse que era pra ser assim? -♫

segunda-feira, 18 de abril de 2011

- transbordando 1

"- Segredo nosso, então
- Segredo não..."


Eu invento, reinvento e desinvento. Tudo.
E tudo quebra, tudo volta, tudo crê
Perco o sentido quando não falo tanto
No fim das contas, tanto faz se falo ou se me calo:
O que eu realmente digo, ninguém vê.



- I shall reveal you all my secrets once I'm gone so that I don't need to run any risk.






(Once and for all, no secret at all)

terça-feira, 12 de abril de 2011

- separado de tudo

Será que alguém pode, por favor, me dizer o que é que há de errado com o mundo? As pessoas se tornaram indubitavelmente leigas no que, supostamente, deveriam saber fazer de melhor, considerando a falta de caráter da humanidade ultimamente: mentir. Ele some apenas nos finais de semana, cada um com uma desculpa diferente. Ela diz que ele é o único que despertou aquele sentimento maravilhoso e quase inacreditável, mas o que fica implícito é que ele é apenas o único que acredita nela.
Mentir é fácil, gente. Manter a mentira é que é difícil. Ela cansou de passar os finais de semana sozinha e decidiu sair pra dançar. Quando o fez, no meio da pista de dança, lá estava ele, com outra. Ele, por acreditar-se único, descobriu-se só. Ele era o único que ficava acordado até tarde esperando ela chegar e, quando ela chegava, tudo o que conseguia sentir era sono.
Todo mundo sabe que a verdade dói e que a mentira é anestésica. O que ninguém pensa, é que o efeito de uma anestesia é temporário. Pra quem você mentiu hoje? Eu tentei mentir pra minha melhor amiga dizendo que está tudo bem, quando na verdade não está. No começo da frase, ela já sabia tudo. É inútil mentir para aqueles que nos conhecem e é justamente por isso que, quando alguém próximo a mim mente olhando nos meus olhos, a primeira pergunta que vem à cabeça é: ‘Quem é você?’. De repente, o mundo está cheio de desconhecidos. Os que mais causaram essa estranheza foram os que eu mais confiava. E confiança não é algo pra brincar, não.
Confiança não é algo que se adquira de imediato. Você vai ganhar a confiança dele se souber guardar segredo, se não olhar pra ninguém enquanto estiverem juntos, no mesmo local. E a confiança dela estará ganha se, ao invés de dizer que a ama, você a fizer sentir-se amada. Não é tão simples assim, mas também não é impossível.
Eu não sei viver em um mundo em que confiança e mentira andam de mãos dadas. Isso não passa de um conto de fadas (eu disse ‘FADAS’?) ridículo. Toda – repito, TODA – mentira vem à tona e desacredito que isso aconteça por algum motivo clichê qualquer: acontece pela ignorância de quem a cria e pela indecência de quem a mantém. Ela disse que ele era a pessoa mais linda do mundo, de dentro pra fora, mas disse a mesma coisa para o melhor amigo dele. Ele disse que a queria para sempre, mesmo querendo estar solteiro naquele momento. Um dia, o melhor amigo dele deixou escapar tudo o que ela disse e ele sentiu vontade de não ter ninguém. Ela o encarou e foi encarada de volta: estavam nus. Uma verdade, até que enfim! Uma verdade, até que, fim.








' O que está acontecendo? O mundo está ao contrário e ninguém reparou... '