sábado, 30 de abril de 2011

- estranho pra mim...


'Um quase nunca ainda é te encontrar...'


(Espelho, espelho meu...)
Há no mundo alguém mais estranho do que eu? Segredos não mais me cabem, eis a minha nudez. Cartas na mesa e dados rolando, de quem é a vez? E assim a noite correu cheia de jogos intermináveis e inomináveis. Jogávamos até com o que não se podia jogar, sem medo de errar. E encarávamos nossos inimigos com insolência, e estes retribuíam o olhar com uma pontada de cruel inconseqüência.

(Meu inimigo é apenas o teu nome. Continuarias sendo o que és, se acaso Montecchio tu não fosses. Que é Montecchio? Não será mão, nem pé, nem braço ou rosto, nem parte alguma que pertença ao corpo. Sê outro nome. Que há num simples nome? O que chamamos rosa, sob uma outra designação teria igual perfume. Assim Romeu, se não tivesse o nome de Romeu, conservara a tão preciosa perfeição que dele é sem esse título. Romeu, risca teu nome, e, em troca dele, que não é parte alguma de ti mesmo, fica comigo inteira).

Quero o que há de interminável em ti, mesmo que não seja teu amor nem tua sinceridade. Quero o que há, não o que inventas. Eu não me invento pra te agradar. Saiba retribuir.

(Mas que olhos grandes você tem...)
Vejo até o que não se pode ver. Eis a minha fraqueza disfarçada de sutileza. Quem foi que me trouxe neste lugar? Eu vejo flores, eu escuto um coração gritar. Quem é? Quem é você?

(Espelho, espelho meu...)
Há no mundo alguém mais belo do que eu?
Espelho nenhum no mundo reflete beleza. Ora, mas que mentira tamanha! Nesse mundo, devo ser mesmo uma estranha...





Quem foi que disse que era pra ser assim? -♫

segunda-feira, 18 de abril de 2011

- transbordando 1

"- Segredo nosso, então
- Segredo não..."


Eu invento, reinvento e desinvento. Tudo.
E tudo quebra, tudo volta, tudo crê
Perco o sentido quando não falo tanto
No fim das contas, tanto faz se falo ou se me calo:
O que eu realmente digo, ninguém vê.



- I shall reveal you all my secrets once I'm gone so that I don't need to run any risk.






(Once and for all, no secret at all)

terça-feira, 12 de abril de 2011

- separado de tudo

Será que alguém pode, por favor, me dizer o que é que há de errado com o mundo? As pessoas se tornaram indubitavelmente leigas no que, supostamente, deveriam saber fazer de melhor, considerando a falta de caráter da humanidade ultimamente: mentir. Ele some apenas nos finais de semana, cada um com uma desculpa diferente. Ela diz que ele é o único que despertou aquele sentimento maravilhoso e quase inacreditável, mas o que fica implícito é que ele é apenas o único que acredita nela.
Mentir é fácil, gente. Manter a mentira é que é difícil. Ela cansou de passar os finais de semana sozinha e decidiu sair pra dançar. Quando o fez, no meio da pista de dança, lá estava ele, com outra. Ele, por acreditar-se único, descobriu-se só. Ele era o único que ficava acordado até tarde esperando ela chegar e, quando ela chegava, tudo o que conseguia sentir era sono.
Todo mundo sabe que a verdade dói e que a mentira é anestésica. O que ninguém pensa, é que o efeito de uma anestesia é temporário. Pra quem você mentiu hoje? Eu tentei mentir pra minha melhor amiga dizendo que está tudo bem, quando na verdade não está. No começo da frase, ela já sabia tudo. É inútil mentir para aqueles que nos conhecem e é justamente por isso que, quando alguém próximo a mim mente olhando nos meus olhos, a primeira pergunta que vem à cabeça é: ‘Quem é você?’. De repente, o mundo está cheio de desconhecidos. Os que mais causaram essa estranheza foram os que eu mais confiava. E confiança não é algo pra brincar, não.
Confiança não é algo que se adquira de imediato. Você vai ganhar a confiança dele se souber guardar segredo, se não olhar pra ninguém enquanto estiverem juntos, no mesmo local. E a confiança dela estará ganha se, ao invés de dizer que a ama, você a fizer sentir-se amada. Não é tão simples assim, mas também não é impossível.
Eu não sei viver em um mundo em que confiança e mentira andam de mãos dadas. Isso não passa de um conto de fadas (eu disse ‘FADAS’?) ridículo. Toda – repito, TODA – mentira vem à tona e desacredito que isso aconteça por algum motivo clichê qualquer: acontece pela ignorância de quem a cria e pela indecência de quem a mantém. Ela disse que ele era a pessoa mais linda do mundo, de dentro pra fora, mas disse a mesma coisa para o melhor amigo dele. Ele disse que a queria para sempre, mesmo querendo estar solteiro naquele momento. Um dia, o melhor amigo dele deixou escapar tudo o que ela disse e ele sentiu vontade de não ter ninguém. Ela o encarou e foi encarada de volta: estavam nus. Uma verdade, até que enfim! Uma verdade, até que, fim.








' O que está acontecendo? O mundo está ao contrário e ninguém reparou... '

segunda-feira, 4 de abril de 2011

- desafinado

Esse mar me seduz mas é só pra me afogar... -♫


Naufragam agora algumas esperanças. O não dito é apenas o que permanece, dando vida à solidão. E diante deste público, eu canto para acalmar a alma de quem se desespera. Quem é que ainda tem um coração? Daqui deste palco, nada vejo. As luzes estão me cegando, mas ainda assim eu canto, não posso parar.
Há um mar de gente bem aqui na frente. Vocês estão cantando a mesma música que eu? E, que tom desafinado é esse? Acho que a errada sou eu. Ando tão fora de tom...