domingo, 30 de janeiro de 2011
- solidão
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
- do lado de cá
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
- Fearless
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
- direção oposta
Naquele instante, eu não poderia amá-lo ainda mais. Não daquele jeito, envolvida em seus braços, mesmo que fosse pela provável última vez. Seu avião partiria em meia hora e eu voltaria para casa ao cair da tarde.
Eu queria ter ido embora antes, mas algo me prendia. Os olhos dele, de certa forma, me pediam pra ficar e quando percebi, já tinha ficado por muito tempo. Não saberia deixá-lo. Até hoje não sei.
Era uma noite quente de Janeiro quando ele me contou:
- Arrumei um emprego fora do país, minha vida vai melhorar. Agora, tudo vai ficar bem.
- E eu?
- Espera por mim.
- Espero pelo tempo que for, mesmo que você não volte nunca mais.
Nunca soube realmente como lidar com distâncias, mas não deveria ser tão difícil, afinal, eu gostava dele mais do que tudo.
Agora que estávamos ali, presos no tempo, eu começava a sentir saudade. Queria que ele ficasse, que me desse outro ‘primeiro beijo’, porque cada beijo era único. E eu gostava do jeito que ele movimentava as mãos, da camisa amassada que ele vestia e da forma que os seus cabelos lhe caiam nos olhos. O amor que eu sentia eclipsava a saudade que já estava chegando. De certa forma nós nos perdíamos. Pedi para que ele abrisse as mãos, onde coloquei um bilhete e fechei seus dedos sobre ele:
- Leia quando estiver voando.
Foi aí que ouvi o chamado. Ele estava indo embora.
- Se cuida.
- E quando foi que não me cuidei? A desastrada aqui é você, ande olhando pro chão toda vez que sair de casa, eu não estarei mais do seu lado pra te segurar.
- Se eu cair, certamente vou esperar que você me levante. Seja cavalheiro e volte pra cuidar de mim.
- Gostaria de poder...
Mais um chamado.
- Tenho que ir.
- Boa viagem.
- Obrigada
Ele me beijou, sem muito a dizer, e atravessou a porta. ‘Eu te amo’, pensei. Mas tínhamos combinado não dizer essa frase enquanto ele estivesse longe. Talvez assim fosse mais fácil. O avião decolou.
Em alguns minutos, enquanto estivesse cortando as nuvens, ele abriria o meu bilhete: ‘Enquanto estiver longe, eu estarei com você. Ainda que do lado de cá. ’
Quando o avião se tornou nada menos do que um pontinho preto no céu, eu enxuguei o rosto e saí pela porta de vidro, na direção oposta à dele.
'You love me, but you don't know who I am...'
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
- in summer air...
Peguei um giz de cera e escrevi - quase que automáticamente, como se precisasse daquilo - no asfalto o desejo que não se cabia em mim. Desenhei nas paredes também, em cada rua da cidade. Por último, rabisquei-o num papel, fechei em uma garrafa e joguei no mar. Se não vier até mim, que as ondas me levem. Ou vice-versa.
***
Quando acordei, tudo estava normal. As paredes, gastas pelo tempo e o chão cheios de copos plásticos e papéis de bala. Nada escrito. Mas meu desejo continuava gravado em mim, estampado em cada sorriso que eu dava, em cada acorde, em cada palavra...
Teu nome continuava escrito. Em toda parte, em mim.
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
- oh, I thought the world of you...
E se eu gritar, será que as estrelas me ouvem? Aliás, estrelas podem ouvir? Eu consigo escutá-las. Hoje, elas me contaram que o mundo real precisa de mais fantasia. Não sei se concordo, eu vejo magia em todo lugar. Quer acreditar nas estrelas? A consciência é sua, eu acredito.
Eu quero a história perdida que ficou pra trás, quero o inacabado. Quero não terminar, inventar começos quando sentir o cheiro da sordidez do ponto final.
Tu inventas, ele inventa. Eu faço mais, eis a minha invisibilidade: eu (te) re-invento todos os dias, a cada instante. E sei que você não vê.
Inventar é ilusão? Que seja. Apenas sigo o conselho estelar.
Tudo é melhor quando acontece naturalmente. Pois que seja sórdido, possessivo ou ciumento. Mas seja real...
A única coisa que não sei fazer é inventar mentiras.
Such a fool...
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
- errante...
Solto as mãos do destino, carrego comigo alguns segredos que não revelarei. Ao menos, não o farei antes de ter qualquer certeza.
Não, não diga nada.
Se for pra ser dito, que seja assim, em poucas palavras...
Gimme something to believe in...
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
- beijo sua boca e te falo bobagens...
Você provoca meus extremos. Eu te odeio quando não está aqui, e te quero quando te tenho. Quero que você seja redundante, para que se repita em mim todos os dias incansavelmente, sem parar.
Me diga o que é que tem nos seus olhos e porque eles me fascinam tanto. Você me ensinou a voar, sabia? Vem comigo, prometo não soltar suas mãos.
Nos dias em que o tédio reinar, quero o que há de melhor em você. Nos outros dias, quero o seu pior. Quero os personagens ciumentos, possessivos e sem medo de perigo que ao menos sei se existem. Será que você sabe que eu existo?
Saia da fotografia, de uma vez por todas. Me diz que você é real.
Por ora, do lado de cá, a única afirmação que tenho a fazer é que eu gosto muito de estar com você, apesar das distâncias físicas e emocionais.
Esteja comigo e eu estarei com você.
(Martha Medeiros)
E eu agradeço pelas escolhas bem feitas.
Sorte? O vento traz.