terça-feira, 18 de janeiro de 2011

- direção oposta

Naquele instante, eu não poderia amá-lo ainda mais. Não daquele jeito, envolvida em seus braços, mesmo que fosse pela provável última vez. Seu avião partiria em meia hora e eu voltaria para casa ao cair da tarde.
Eu queria ter ido embora antes, mas algo me prendia. Os olhos dele, de certa forma, me pediam pra ficar e quando percebi, já tinha ficado por muito tempo. Não saberia deixá-lo. Até hoje não sei.
Era uma noite quente de Janeiro quando ele me contou:
- Arrumei um emprego fora do país, minha vida vai melhorar. Agora, tudo vai ficar bem.
- E eu?
- Espera por mim.
- Espero pelo tempo que for, mesmo que você não volte nunca mais.
Nunca soube realmente como lidar com distâncias, mas não deveria ser tão difícil, afinal, eu gostava dele mais do que tudo.
Agora que estávamos ali, presos no tempo, eu começava a sentir saudade. Queria que ele ficasse, que me desse outro ‘primeiro beijo’, porque cada beijo era único. E eu gostava do jeito que ele movimentava as mãos, da camisa amassada que ele vestia e da forma que os seus cabelos lhe caiam nos olhos. O amor que eu sentia eclipsava a saudade que já estava chegando. De certa forma nós nos perdíamos. Pedi para que ele abrisse as mãos, onde coloquei um bilhete e fechei seus dedos sobre ele:
- Leia quando estiver voando.
Foi aí que ouvi o chamado. Ele estava indo embora.
- Se cuida.
- E quando foi que não me cuidei? A desastrada aqui é você, ande olhando pro chão toda vez que sair de casa, eu não estarei mais do seu lado pra te segurar.
- Se eu cair, certamente vou esperar que você me levante. Seja cavalheiro e volte pra cuidar de mim.
- Gostaria de poder...
Mais um chamado.
- Tenho que ir.
- Boa viagem.
- Obrigada
Ele me beijou, sem muito a dizer, e atravessou a porta. ‘Eu te amo’, pensei. Mas tínhamos combinado não dizer essa frase enquanto ele estivesse longe. Talvez assim fosse mais fácil. O avião decolou.
Em alguns minutos, enquanto estivesse cortando as nuvens, ele abriria o meu bilhete: ‘Enquanto estiver longe, eu estarei com você. Ainda que do lado de cá. ’
Quando o avião se tornou nada menos do que um pontinho preto no céu, eu enxuguei o rosto e saí pela porta de vidro, na direção oposta à dele.





'You love me, but you don't know who I am...'

2 comentários:

  1. Sem ele, quem a levantaria?
    Mas ele percebeu que o sentimento dela era falso.Que ela se entregava facilmente. Achava que ela gostava de ternuna, era o que tinha visto em seus olhos. Mas ela gosta de quem nao da atençao, de quem a trata mal.
    Porque?
    Estupida.
    E esse amor que ela dizia ser forte nao passava de uma brisa de verão. Ele percebeu isso no olhar dela. No nao se importar dela.No nao perceber.
    Enquanto ele agora lia o bilhete que ela tinh fechado em seus dedos, ela percebeu que ele tinha deixado um bilhete em sua mao.
    "Estou indo embora, mas nao voltarei. Voce me enganou, iludiu. Sempre estive ao seu lado. Te amava porque achei quem voce era. Te amava... mas nao sabia quem voce era.Uma mentira seria a pior coisa. E voce mentiu.
    Ele sempre a surpreendia. E agora tinha ido embora.

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  2. Por quê? Por que as pessoas que amamos vão embora? Por que temos que sofrer e eles não se importam.
    Se eles se preocupavam-nos que não iria se mover um milímetro.
    E por que são pessoas que querem e obter mais perto de você, você não notá-los, você se importa?
    Eu quero estar mais perto, eu realmente não posso agora, mas eu não disse nunca. Eu estarei sempre perto em pensamento que você nunca vai acreditar ser possível.
    Eu vou voar para você, não longe de você. Cedo ou tarde, eu não sei quando, mas vou fazê-lo.

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